Pois é, queridos gasparzinhos!
Não é que depois de inventada essa moda de
brogar eu já tenho anotado uns 5 ou 6 temas de futuras postagens? Aí nessa hora o cara paga de
high-tech e sai "anotando" os temas no seu
palmtop. Mas é claro que eu não vou contar que o palm foi comprado no Mercado Livre (oferta relâmpago, digna das propagandas tresloucadas do Ricardo Eletro. Tava uma pechincha!) e eu estava dentro de algum variante alfabético daquele maldito 3302 (ô ônibus desgraçado, mas pelo menos eu tava sentado).
Mas passadas as dificuldades inerentes à minha vida de preto, pobre, fodido, a pé e estudante de História (puta merda! só falta o cara escutar Across The Universe - versão Fiona Apple - para cortar os pulsos) cá estou eu, com os deditos coçando para espancar meu teclado velho de guerra.
E qual é a bola da vez? Nós, professores e aspirantes a licenciados. Quanto fiz Vestibular estava (e ainda estou) decidido a dar aula. Não me perguntem o porquê. Esse trem de que
"Ah, eu sempre me vi cuidando dos cachorrinhos" ou "
Meu tatatatatataravó se formou em Coimbra e tem sido assim na minha família desde então" nada mais é do que prosopopéia flácida para acalentar bovinos. Povo hoje faz vestibular atrás de um curso que dê dinheiro ou,
no minininus, prestígio. Tem, é claro, o caso da patota que só precisa se formar para entrar no escritório da família. Tô criticando?
Nananinanão. Tem gente que dá sorte, né? Vá viver ou morrer feliz no escritório do papai. A pica é sua, aspira!
É óbvio e ululante que muita gente não dá a mínima para o professor. Eu mesmo já escutei, às vésperas do Vestibular:
Mas você é tão inteligente para ser professor! Dorme com esse barulho, amiguinho! Depois de 9 períodos na faculdade eu te falo: professor tem que ser mais "inteligente" que todo mundo. Duvida? Então chupa essa manga ó: dia desses, quando eu estava substituindo uma professora na rede particular, a turma de 8° ano resolveu, por conta da explicação de uma matéria, me perguntar o que eram métodos contraceptivos naturais.
Pera lá. Eu uso barba e óculos! Meu biotipo é de professor de História e não de Ciências! No final das contas fui explicar o que era tabelinha, temperatura basal
AND coito interrompido. Sacou, mancebo? O buraco é bem mais embaixo.
Daí, um dia desses, aqui no apartamento rolou uma discussão sobre a importância da Licenciatura. Nota importante: dos 8 moradores da República Carpe Diem somos apenas 2 licenciandos. Fui assim questionado:
Por que eu devo valorizar o professor? Rá, deu munição pro bandido, playboy! Respondi com um
roundhouse kick:
Por que eu posso ser professor dos seus filhos. Nóóóóóó. Destruí né? Merda nenhuma! Via de regra a licenciatura deveria ser valorizada como toda e qualquer profissão na qual nego se mata durante 4/5 anos numa faculdade. Licenciatura ainda tem um agravante: agüentar aquele povo tarado da Faculdade de Educação (com exceção apenas de Psicologia da Educação) por quase 300 horas. E isso porque também somos profissionais Unibanco:
4 horas na escola, 20 horas em qualquer lugar... corrigindo prova e elaborando aula.
Aí eu fico pensando cá com meu teclado: no final das contas professor é igual lixeiro ou imigrante. Ninguém dá a mínima para o cara que tá ficando sem voz na sala de aula ou para o lixeiro que recolhe seus dejetos. Tá, eu admito que os lixeiros não colaboram no quesito
gentileza urbana é:
não cantar TODAS as mulheres que passam na rua. Afinal de contas, quando eu pegava o ônibus interno da UFMG de manhã os caras ficaram alvoroçados com as moças que lotavam o ônibus. Mas tem playboy que sobe a Afonso Pena de madrugada e fica fazendo bundalelê para o "povo da noite" que fica lá. Para mim é tudo a mesma tosquice (se bem que se o playboy sobe com o carro em um poste eu ia rir primeiro antes de chamar o SAMU). Já o imigrante passa por todo tipo de humilhação e corre o risco de, estando ilegal, ser chutado de volta a qualquer momento e na velocidade do som. Além disso, trabalha com todo tipo de atividade que gringo não gosta de fazer, né? (ou você achou que o Peter Parker trabalhou de entregador de pizza porque não arrumou outra coisa? Ele tava era pagando de
rapazhumildequequersevirarsozinho).
Nós professores somos iguais lixeiros ou imigrantes. Nossa atividade é pouco valorizada, fato. Mas se cruzarmos os braços tá todo mundo fodido. Imagina o lixo juntando na porta da sua casa ou então a preguiça em arrumar um miojo para comer pois o
delivery não tá funcionando? Aí você pensa:
pior é o professor, uai! Como que meu filho vai ficar sem educação??? Ah, que bonitinho!!!! Quer enganar quem, curió?
Ah, o
insight para esse post foi aquela piada onde as partes do corpo estão discutindo quem deve ser o "líder" do humanóide. Os olhos dizendo que eram mais importantes pois enxergavam, os pés pois são responsáveis pela locomoção e tals. Quando o cú entrou na disputa todo mundo riu dele, até o momento em que ele assumiu,
ipsi litteris, a condição "fechado como bunda de bactéria". Precisa dizer quem venceu?
Credo, que medo deu essa postagem! Ficou maior que todos os meus relatórios de Psicologia da Educação. rsrsrsrrs.
That´s all, folks!
P.S.: Esse trem tá fazendo tanto sucesso que dispensaram meu apelido original. Pois agora "Tiago Marcadagua é o caralho, meu nome é Tiago Espancador!"
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