Chegou aos ouvidos do Espancador uma história deveras interessante. História essa que servirá de
elã para uma nova seção aqui no nosso querido, amado, idolatrado, quente e sexy “brog”. Houaiss, Aurélio e Michaelis que se cuidem! Está chegando o “Dicionário do Espancador”!
A idéia de tal “pai-dos-burros” é exemplificar de maneira instrutiva e despida de acidez palavras e situações do meu, do seu e do nosso cotidiano. Algo me diz que teremos, após um ou dois verbetes, uma nova obra de referência para a Humanidade. Arrume um espaço na sua mesa de cabeceira amiguinho! Maquiavel e Paulo Coelho (argh!) acabam de arrumar um concorrente de peso, altura e barba.
Vamos começar com o substantivo “disposição”, ok? Então. O Michaelis Online assim diz sobre a palavra “disposição”:
"(...)5 Subordinação, dependência: Ficar à disposição de alguém. 6 Constituição plástica. 7 Temperamento. 8 Preceito, prescrição legal. 9 Tendência, vocação. 10 Desígnio, intenção, vontade.” (...) Grifo deles e fonte aqui."
No nosso caso,
vamos estar exemplificando as versões 5 e 10 da palavra. Ok, amigão? Bora lá, então.
Como dito alhures, a história deveras interessante versa sobre um incauto casal que resolveu visitar uma exposição que se situa não aonde o vento faz a curva e, sim onde ele nasce. Isso é magia e não tecnologia, meus caros gasparzinhos. O lugar se chama Casa Fiat de Cultura e está localizado no bairro Belvedere. É lá, do lado do primeiro shopping de BH, que os bacanas pensam como o Super-Homem: “Para o alto e avante! Vamos construir arranha-céus, pois aquele ‘teto’ azul NÃO é nosso limite.”,
E vocês estão aí, remexendo os fundilhos na cadeira, achando que a disposição era do casal, né? Estão achando que daqui surgirá um roteiro para algo parecido com “Simplesmente Amor” ou então “Olhar de Anjo”. Olha, não era não. A disposição está toda depositada na moça que se aventurou até tal exposição e vocês concordarão com isso ao final do texto. Se não concordarem, hum, bem... eu não vou espernear. Pontos de vista diversos são, de fato, uma merda.
Primeiro ponto pra moça: a distância da quentura e aconchego de sua casa até a dita exposição. O rapaz que a chamou, assim como o Espancador, é um pobre universitário fodido que também massageia a lataria dos coletivos de Belo Horizonte. Isso quer dizer que lá vão eles se aventurar naqueles que carregarão todos nós aos infernos. E não pensem vocês que trata-se de um coletivo qualquer. Estamos falando da linha 2004, mais conhecida como “dois-mil-e-quando”. Sabe aquele ônibus que carrega todas as domésticas de Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Vespasiano? Não, ele não é o 2004. Esse aí é vermelho e o 2004, por enquanto, é azul. Tais “ôins” nada mais são que “alimentadores” do nosso querido balaio, visto que ele também carrega as fãs de Antônio Fagundes que dormem em Contagem
and Betim. Noves fora e com ajuda do Google Maps, são pelo menos 20 km de passeio. É quilômetro pra cara...mba! (prometi que ia maneirar nos palavrões). Olha, gente, só pelo primeiro ponto eu já daria o
Emmy pra moça por melhor atuação em dramas.
Donald Draper e seu Mad Men são fichinha perto dessa história. Mas tudo que tá bom sempre pode melhorar, então se ajeite aí que tem mais.
Segundo ponto pra moça: o traslado do ponto de ônibus até o local de exposição. Tá, pelo Google Maps deu-se “apenas” 2 km. Lembremos que o dois-mil-e-quando tem como final a borda de Belo Horizonte e ele não sobe até o bairro dos bacanas. Vamos engrossar as canelas, atravessar a BR e nos enfiar pelos arranha-céus belvederenses. Ponto curtinho e até suave, né? Nem precisou de uma meiota pra abrir o apetite. Aposto que vocês estão aí maquinando: “Ah, que isso! A moça deve estar aproveitando o passeio, a companhia, etc”. Claro, ela sem dúvida assim estaria se não fosse o próximo capítulo dessa saga de Odisseu.
Terceiro ponto pra moça: Sabe aquele trem que se assoma, num tom cinza escuro ameaçador, no alto das nossas carecas? (essa é pra você, Merson) Alguns costumam chamar de chuva. Naquele fatídico dia, segundo os relatos, não era uma “noruegazinha” qualquer. Juraram, de pés alinhados, terem avistado, do outro lado da rua, um barbudo pendurado num barco rodeado por uma
pá de bichos. Só não deu pra ver se tinha um canudo de luz na telha do ancião pois o ônibus já estava com seus vidros totalmente embaçados. Precisa continuar relatando a “sorte” do rapaz? Acho que devemos fechar essa parte com uma conta de somar bem simples. Coisa rápida, para não gastar massa cinzenta. Acompanhem: ponto 3
plus ponto 4 = FODEU TUDO!!!! A CASA CAIU, MERMÃO!!!! (desculpa, não deu pra fugir do palavreado de baixo calão)
Quarto ponto pra moça: sou brasileira e não desisto nunca! E não é que a incauta persistiu e, mesmo debaixo do dilúvio, com os pés encharcados, chegou até o BH Shopping? O rapaz, ao invés de abortar a missão e ficar por ali mesmo, propôs que após uma possível “melhora” das condições pluviométricas a saga continuasse até a tal exposição. Tempo é um bicho ordinário e você não pode brincar com ele. Eu tenho pra mim que as nuvens ficam te sacando enquanto a marquise te protege. Bota o pé pra fora e o que acontece? Água na sua moleira! Eu avisei, não avisei? Ficasse por ali mesmo, esperando a água baixar seu nível para que assim a Perícia Médica ainda encontrasse algo do seu cartaz com a moça quando seu corpo fosse encontrado no Ribeirão Arrudas. Ignorou o aviso, fingiu de sonso e botou o pé pra fora. São Pedro lambeu os beiços e não se fez de rogado: contribuiu para que um mergulho na piscina deixasse o casal mais seco do que tentar enfrentar a tal tromba d´água. Gente,
prestenção, já deu, né? O cara já não devia ter sido tragado pela chuva?
Quinto e derradeiro ponto pra moça: calma que tá acabando. Não bastasse toda essa saga relatada aí em riba, não pense que tudo acabaria bem. A exposição era sobre um tema afeto à área de trabalho do rapaz. Ele, que já tinha perdido 99% do seu bom senso dissolvido na chuva, falou na cabeça da donzela como se não houvesse amanhã, como se ele precisasse falar tudo que fosse possível antes que o chão se abrisse num
canyon e ele fosse engolido por uma lambada de chamas do Hades. E por qual razão a moça merece mais um ponto de exemplo para o termo “definição”? Simples! Ela, uma
lady, escutou tudo com atenção e sempre sorrindo, insistindo, veementemente, que as informações eram extremamente úteis, quiçá agregadoras. Olha, alguém confere aí pra mim se já se passou mil anos desde a última aparição da Deusa Atena. Tô achando que ela deu as caras por aqui, e o fez no corpo dessa moça.
Ah, e se você achou surreal a presença do barbudão da arca na história, imagine cinco (isso mesmo, cinco) exemplares do 2004 descendo a avenida, ao mesmo tempo. Não me mostraram foto, mas em Belzonte tudo é possível. Outro detalhe: o aloprado NÃO sabia direito como chegar à Casa Fiat. Não me perguntem como eles chegaram. Mais um detalhe: pra sorte DELE a moça nem mesmo espirrou depois do banho de chuva combinada com um ar condicionado terrível.
Bonita história, não é? Tava pensando num desfecho pra ela. Vamos imaginar que essa narrativa seria tabulada como um prontuário do rapaz no arquivo de pretendentes da moça e que ele estivesse passando por um “processo seletivo”. Qual seria o resultado? Um contrato? Sim, um contrato! E redigido nesses termos:
“Eu, a moça, contratante, entro com o pé. Ele, o cara, ferrado, pobre, que me faz andar na chuva e escutá-lo durante TODA a exposição, entra com a bunda. As partes concordam, então, com a projeção do pé da moça em direção ao fogareiro do rapaz, mandando-o para a qualquer lugar bem longe da contratante.” E todo mundo feliz!
I´ll be back!
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Los Hermanos - O Vencedor